A busca por um médico de confiança ganhou um reforço da ciência. Em uma revisão de estudos conduzidos em nove países diferentes, pesquisadores do St Leonard’s Medical Practice e da Universidade de Exeter, ambos na Inglaterra, concluíram que visitar o mesmo doutor – tanto o clínico geral como profissionais de outras especialidades – diminui as taxas de mortalidade.
Das 22 pesquisas destrinchadas pelos cientistas nessa revisão, 18 associaram a ida a um único médico uma maior longevidade. Porém, como os estudos usaram métodos diferentes para medir o benefício, foi impossível cravar a magnitude dele – ou seja, não dá para estipular a porcentagem da queda na mortalidade em geral.
Uma das pesquisas analisadas trouxe dados de 396 838 diabéticos em Taiwan, coletados entre 1997 e 2009. Nela, a taxa de mortalidade dos pacientes atendidos por um profissional foi metade daqueles que ficaram pulando de consultório em consultório.
Não para por aí. Os estudos mostram que indivíduos que frequentam os mesmos médicos regularmente são mais satisfeitos, têm maior probabilidade de seguirem suas recomendações, procuram se prevenir e se imunizar com maior frequência e passam por um número menor de internações hospitalares desnecessárias.
No entanto, é preciso observar os achados com uma dose de cautela. Isso porque a maior mortalidade entre gente que se consulta com vários médicos pode vir do fato de que doenças mais complexas (e mortais) geralmente são também mais difíceis de serem resolvidas por qualquer doutor. E qualquer um, quando não vê sua condição de saúde melhorar, tem uma tendência a trocar de profissional, não é mesmo?
Seguindo essa hipótese, não seria a perambulação por clínicas a causa da menor longevidade observada na revisão, e sim a gravidade do quadro. Ainda assim, faz sentido imaginar que ter um médico de confiança é uma boa para a saúde.
“Quando o paciente vai a um médico que já conhece, a conversa ocorre de maneira mais aberta e o profissional recebe mais informações relevantes, até mesmo pessoais. Assim, ele consegue adaptar as recomendações e administrar o tratamento de maneira mais sutil”, afirma Denis Pereira Gray, médico de família e líder do estudo, em comunicado à imprensa.
Fonte: Saude Abril